27 de fevereiro de 2012

Como se constrói uma Crise

A crise econômica dos EUA nem está mais nas pautas do dia, mas continua com força total. A agonia do modelo politico e econômico norte-americano resulta numa tentativa deseperada (imitada pela imprensa brasileira) de defender o Capitalismo Liberal (ou Neoliberal) com unhas e dentes, e de tentar entender o que parece bastante óbvio. 

Mas será tão óbvio assim?

Os 2 vídeos de hoje são trailers de documentários nem tão recentes, mas que explicam bastante sobre a crise norte-americana e os motivos pelos quais ela não é revertida. São ótimas sugestões para quem quiser entender o processo e, principalmente, para esclarecer de vez quem ainda acredita no discurso da imprensa. 

Tanto a deles, quanto a nossa.




25 de fevereiro de 2012

Tempo Perdido

Enquanto me organizo para tentar mudar um pouco o blog, notei que quase não falo do que estou lendo ou do que quero ler, então o post de hoje é uma nova tentativa de inaugurar uma categoria: Prateleira.

E vou começar justamente por um livro que quero comprar - "História de uma década quase perdida – PT, CUT, crise e democracia no Brasil: 1979-1989", do historiador Gelsom Rozentino de Almeida. Lançado pela Garamond, com apoio da FAPERJ, o livro aborda um trecho da história da democracia recente no Brasil sobre um ângulo novo, combatendo a idéia de que a década de 80 no Brasil foi a "década perdida", tanto em termos políticos quanto econômicos.

Me chamou atenção não só pela abordagem, como pelo recorte, que talvez seja um dos campos historiográficos mais frutíferos ainda inexplorado (pelo menos no viés historiográfico, segundo o autor); e principalmente um dos primeiros a tocar na percepção cultural e social da década de 80, ainda que seja pelo caminho político. 

Esse Zeitgeist (espírito da época) da "década perdida" permanece ainda pouco tocado no campo historiográfico brasileiro e, curiosamente, ainda fora dele. Só agora que surgem obras acadêmicas e até mesmo artísticas abordando esse sentimento que caracterizou os anos 80 no mundo todo.

Enquanto a moda e a cultura de massa reviveu a década nos últimos anos em seu aspecto colorido, exagerado e espalhafatoso, o lado sombrio dos anos de ferro, da corrida espacial, da guerra fria, da ameaça nuclear e do campo político neo-conservador ficou um tanto quanto relegado à sombra acadêmica, talvez pelo incomodo ainda presente que causa.

Curiosamente a relação dessa percepção social com a política, e principalmente a política brasileira ainda presa às estruturas do Regime Militar, foi pouquíssimo discutida e deglutida. Justamente por isso me interessou a proposta do autor de relacionar os dois aspectos. O livro é fruto de sua pesquisa de doutorado e tenta conciliar o surgimento de 3 estruturas:  "três agentes políticos que despontaram na época podem ser considerados a base do processo de redemocratização que marcou os anos 1980: o Partido dos Trabalhadores (PT), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)"¹ que pautariam a discussão política das décadas seguintes e participariam ativamente do processo de redemocratização e consolidação posterior dela com a sensação de "tempo perdido" que dominou a década em todos os aspectos.

Não sei como o autor desenvolve seu argumento, mas com certeza está na minha lista de próximas aquisições, ainda que nada tenha a ver com a minha pesquisa. Esse assunto desperta interesse por vários aspectos e para mim é especial por ser relativo a minha memória afetiva - Ainda que eu espere uma obra mais completa em relação a mentalidade histórica dos anos 80, especialmente sobre essa percepção, imortalizada em uma música, quase um hino dessa geração:




Fonte e Imagem: FAPERJ 


Nota: 
1- Motta, Débora. Livro destaca a importância dos anos de 1980 para a democratização do Brasil Resenha do livro supracitado  (http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=7913).

14 de fevereiro de 2012

History. Not History.

Só depois que publiquei o post anterior me dei conta do quanto o título soou meio pecesiqueira... Mas não vou trocar, fica a título de referência cultural.

Hoje é segunda (na verdade madrugada de terça) e a partir de hoje vou instituir o "vídeo da segunda" pra quebrar a monotonia.

Apesar de já ter postado no Twitter, não custa lembrar ao canal History Channel que o que eles fazem nada tem a ver com História.


E tem coisa mais deprimente que Caminhoneiros do Gelo?


11 de fevereiro de 2012

Mil Folhas, Muros e Árvores de Natal

Xingar o governo é fácil.

Reclamar de leis, da dança das cadeiras em ministérios, da ausência do poder público, da demora de tal mudança, da rapidez daquela outra, etc.
 
Não que reclamar seja o problema, já que é importante manter uma atitude crítica perante todo e qualquer governo. O condicionamento entre reclamação e ação também não é exatamente sempre uma lacuna, uma vez que a postura crítica, quando verbalizada, se torna um indício e até mesmo um sinal de transformações - ainda que por muitas vezes esse desejo esteja limitado a um grupo ou categoria, que acaba não entendendo o porquê de sua crítica não ser efetivada.

#ForaSarney não tira ninguém do poder, mas emite um sinal de pensamento social importante, sem dúvida. 

Já de cara daria para constatar uma ausência de análise quando um tipo de expressão espontânea dessas surge e é imediatamente desqualificada enquanto fator de transformação na sociedade: A incapacidade de uma expressão de pensamento efetivar mudanças traduz que essa expressão talvez seja limitada ou mal direcionada. Ou até em uma análise mais ampla - e bem mais óbvia - ela ainda não traduz o pensamento de uma maioria significativa, cujo quantitativo mínimo seja capaz de transformar algo.

Mas a questão me traz aqui hoje está alguns degraus mais embaixo. Quanto dessas expressões de insatisfação são realmente capazes de compreender o complexo processo de formação histórica da organização política nacional?


Trocando em miúdos, quando reclamamos do governo, temos idéia de quê estamos reclamando? E o que isso tem a ver com a filosofia da história?